sexta-feira, 18 de março de 2011

A Hipotética Força da Amazônia (2o. post a propósito da imagem que o Sul e Sudeste têm de que nossos rios são fortes para sustentar seu alto consumo de energia elétrica)

A mídia anunciou com exuberância de imagens as comportas abertas da hidroelétrica de Tucuruí. Devido à abundância de chuvas neste inverno aqui no Norte do Brasil, houve grande enchente do rio Tocantins. Mas, que é essa notícia perto do tsunami de imagens impressionantes do tsunami ocorrido no Japão que ocasionou o acidente na usina nuclear japonesa de Fukushima?
Fica no ar a pergunta imediata: não há exagero no alarme quanto à seca dos rios da Amazônia, seca essa tão explorada pelos oponentes da construção da Usina Hidroelétrica de Belo Monte? Não é óbvio que o Sudeste se expõe demais construindo usinas nucleares quando o Brasil possui grandes rios como os da Amazônia onde pode construir usinas hidrelétricas que ponham menos risco à população?
Mas eu, que nasci na Amazônia e tenho os olhos úmidos em enchentes e vazantes desde a infância me pergunto o significado não desta grande enchente do rio Tocantins e de nossos rios, mas o que vai pelos olhos molhados de abismo de nossos caboclos ao verem as assombrosas enchentes e vazantes atuais.
Faço este comentário porque estive há dois anos no rio Tocantins e ouvi de ribeirinhos sobre as mudanças ocorridas no rio nas últimas décadas. São enchentes repentinas que são drenadas mais repentinamente ainda; são areiais que se multiplicam pelo leito do rio dividindo-o em dois estreitos canais nas secas assustadoras; são os peixes que se vão escasseando e deixando sem sobrevivência quem deles se alimenta ou extrai o sustento de sua família.
Gostaria de dizer que isto não faz parte de um canto de guerra, assim como gostaria de dizer que a Amazônia não é uma colônia subjugada à exploração. Mas assim como fazer esta afirmação seria esconder nossa realidade, nossos irmãos indígenas do rio Xingu não permitem mais que se fale também daquela forma: - É guerra, sim, dizem eles, por sobrevivência.

E aqui cabe falar sobre usina nuclear que também gera o sentimento de sobrevivência, imagino, nos habitantes do Rio de Janeiro, principalmente. Quando falamos em energia e temos uma população numerosa como a do Brasil pensamos imediatamente que a demanda por energia elétrica cresce assustadoramente e é preciso satisfazer essa demanda construindo mais usinas. Mas uma alternativa simples seria a mudança de hábitos, simples tal como lavar as mãos; adotar-se novos procedimentos em nível doméstico e industrial que gere economia e queda de consumo de energia elétrica. Essa tem sido uma das chaves dos países que têm adotado uma postura mais séria a fim de conseguir algum desempenho nas questões ambientais.
A mudança de hábitos - tal como adotar atividades de lazer como a leitura e o exercício físico que não gerem gasto de energia elétrica - é uma alternativa simples em termos de gastos financeiros, mas não fácil. A vida simples pode causar desconforto para quem gosta de glamour, por exemplo.
O fato é que estamos chegando num tal ponto da vida no nosso planeta que não podemos recuar. E o movimento das placas tectônicas continuam e vão continuar causando os tsunamis que estão espreguiçando o globo terrestre. O que significa isso? Pergunto, eu também, cabocla de olhos marejados. Significa exatamente o que todos estamos vendo acontecer no Japão e que pode acontecer em qualquer parte do planeta.
Então, as mudanças das placas tectônicas são inevitáveis e elas estão dirigindo nosso futuro na Terra? Elas são inevitáveis, mas somos nós que estamos pisando firme no acelerador. Aceleramos já. E não podemos recuar. Mas podemos desacelerar. Só uma coisa é coisa é certa: se não mudarmos nossos hábitos por amor, a nós e a nossos filhos, seremos obigados a mudá-los pela dor. Mas que iremos enfrentar o futuro, isso, infelizmente iremos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

comentário feito ao post A Hipotética Força da Amazônia - texto da obra Samaúma

Minha querida, a fragilidade da floresta é na realidade sua força. Somos parte desta floresta e depredando-a, estamos nos automutilando. Logo descobriremos a nossa esquizofrenia ambiental. Vivemos em simbiose com o planeta. Mas sua história/estória ainda não acabou...estou esperando o teu desfecho!