Tenho nariz miúdo. Me chamam de sonso porque pareço macio e inofensivo. Mas eu sou macio e inofensivo.
Quando estou calmo.
E eu sou calmo. Os outros é que me deixam nervoso.
Nervoso. Não agressivo.
Veja. Estou roendo o meu almoço na paz do mundo. Então ele aparece latindo e babando chibante. O cachorro.
Eu dou ré, simplesmente. Acerto nos dentes. Fico com pena depois. Aqueles espinhos todos na boca, no focinho.
E aquele choro!
Mas já foi. Nasci com meus espinhos. E eles, calmos, são bem macios e fofinhos. Eu sou fofo.
Peguei má fama, é verdade. Quem nunca viu uma foto minha imagina um catitu. Mas isso até me dá sono.
É intriga do cachorro.
Só que, às vezes, eu queria ser paparicado. Sabe como é ... eu vejo nuns colos uns coelhinhos ...
Hmm ... dóem meus espinhos ... Eu sou macio e inofensivo! Penso muito nos coelhinhos. E fico nervoso.
Nervoso, não agressivo.
Como a gente engana a nós mesmos!
Alaíde Xingu
terça-feira, 20 de abril de 2010
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2 comentários:
'Miga", gostei muito do seu texto.Parece infantil mas é profundamente do mundo adulto.Gosto demais de seus escritos.Dos escritores paraenses, você é uma das que mais admiro, principalmente como pessoa.Beijinhos sem espinhos, da "miga"
aprofessoratialilian
Oi Alai, só o seu olhar pra ver a "inveja" do histricídeo nos coelhos. eu nunca imaginaria isso... dá até vontade de fazer carinho nele, mas fico só na vontade. Vou ficar sempre lendo. Guime
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